INTRODUÇÃO
No Habbo Hotel, a Igreja é “um pequeno reflexo da glória da Igreja da realidade”
(JOÃO II, Salus Animarum, da natureza eclesial, cap. I), tendo por base fundamente
a ótica da grande assembleia conciliar do Vaticano VII, caminhamos ao debate acerca
da vida religiosa e de sua formação no âmago da comunidade virtual. Tendo em vista
a escassez de escritos desta temática, salientamos a importância de uma base
documental fundante para o diálogo e, aqui a apresentamos. Traçamos, nesse
ínterim, um percurso entre homens e mulheres que, ao longo dos séculos,
consagraram-se a Deus, por meio daquilo que atualmente chamamos de “conselhos
evangélicos, traços característicos de Jesus” (JOÃO PAULO II, Vita Consecrata, 1).
Este texto, por meio da comissão sinodal “ad hoc” para a formação religiosa, quer ser uma introdução ao debate da Vida Religiosa Consagrada na realidade virtual, contudo, sem fugir da realidade primacial da Igreja Católica Apostólica Romana, na comunidade extra-habbiana. Portanto, por ser a antecessora de diversos outros escritos que a seguirão, se a graça Divina conceder-nos, a apresentamos para ser utilizada “ad experimentum”.
O caminho que aqui traçamos inicia-se nos primórdios do Cristianismo, tendo por vista a importância histórica, interpelamos a narrativa histórica com um desabafo da comissão, tendo em vista a necessidade de expressar-se e, desta maneira, denotar a importância da vida religiosa na realidade habbiana, apresentando assim, implicitamente, os seus desafios. Concluímos, portanto, fazendo um paralelo entre os religiosos e o clero diocesano, explanamos a necessidade de um diálogo, iniciado nesta Assembleia Sinodal, sobre a formação da Vida Religiosa Consagrada, no seio da Igreja Habbiana e traçamos uma provável via para o projeto formativo a partir da proposição do documento Ratio Fundamentalis Institutionis.
Por fim, apresentamos também à análise da Assembleia Sinodal desta nossa décima primeira reunião em torno de São Pedro, para traçar o limiar de nossa missão e expressar a nossa comunhão (CLEMENTE II, Petrus Anni, 1). Lamentamos as falhas que, por origem humana, haverão neste escrito, e enunciamos nossa alegria em corrigi-las, de maneira sadia e construtiva.
Em fraternidade,
Dom Hery Cardoso, presidente da comissão
Dom Júnior Assis, membro da comissão
Dom Gabriel Médici, membro da comissão
Diácono Francisco Reis, secretário da comissão
CAPÍTULO I
BASE DOCUMENTAL FUNDANTE:
VIDA RELIGIOSA E OS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO
1. A vida religiosa no Cristianismo está intimamente ligada às suas raízes, tendo em
vista que desde “os primórdios da Igreja homens e mulheres se propuseram pela
prática dos conselhos evangélicos, seguir a Cristo com maior liberdade, e imitá lo
mais de perto, e levaram, qual a seu modo, vida consagrada” (SÃO PAULO VI,
Perfectae Caritatis, 1). Estes se agregaram, não como um movimento em
organização, mas já inebriados de uma chama voluntária de consagração ao Pai, de
origem simbolicamente pneumatológica, tendo em vista que nada ocorre na Igreja
sem que o Espírito esteja à frente.
2. Precisando-se, o movimento religioso se expandiu entre os séculos III e IV,
majoritariamente, na Igreja Oriental, onde se floresce a prática do ascetismo, a idéia
de abstinência; penitência carnal, desapego dos bens mundanos, tudo em prol da
configuração; em Cristo; em uma vida de dedicação e doação não as vontades
próprias, mas a divina, ainda por mais, eles buscavam dentro da comunidade
eclesial, desempenhar o serviço da caridade fraterna para com os pobres, velhos e
doentes. Tal prática era mais comumente adotada por certos grupos sociais na
antiguidade, como destacam-se em tal período as virgens e viúvas, que - por
conseguinte - constituem uma primeira forma de consagração não institucionalizada
dentro da comunidade cristã. Tal experiência é citada por São Clemente Romano
(séc. I), na Carta aos Coríntios (1Cor 7, 25-35), por Santo Inácio de Antioquia (séc.
II), na Carta a Policarpo e São Justino, na Apologia. A partir de meados do séc. III e
início do IV, a Igreja estabelece o rito litúrgico de consagração das virgens, e aí
começa a se falar de voto público (consagração) de virgindade. A Igreja, portanto,
legisla sobre isso, estabelecendo até limites para admitir uma virgem à consagração.
3. O movimento toma tamanha repercussão que, com o passar dos tempos, os ascetas
e as virgens evoluirão com o tempo, sobretudo a partir do monacato. As virgens se
agruparam para viver em comunidades monásticas femininas e os ascetas seguirão o
mesmo caminho, tendo como grande impulsionador Bento de Núrsia (480 d.C), que
escreveu uma primeira regra aos mosteiros, dando-lhes estabilidade monástica, isto
é, permanecer com os membros de um mosteiro, praticando com eles a obediência ao
abade que representa Cristo, e uma adaptação ao ideal de vida de São Pacômio e São
Basílio, inserindo o famoso termo “ora et labora” (oração e trabalho), o trabalho
recebe agora uma nova forma de conotação, sendo fonte de subsistência. Se a oração
era a fonte de subsistência para a alma, o trabalho se torna ao corpo.
4. Grande era a experiência que, em dado momento, vemos esse estilo de vida
aglutinando-se à realidade clerical. Muitos ministros ordenados passam também a
consagra-se, tendo por ideal o seguimento de Cristo, entrando no caminho
denominado por Orígenes de Alexandria como “uma forma cotidiana e radical de
vivência da fé” (ORÍGENES, Exortação ao martírio: PG 11,334-335). Aqui urge uma
grande necessidade da Igreja daquele tempo, o “murchamento do vigor da fé,
esmoreceu a força daqueles que creem” (CIPRIANO, Sobre a unidade da Igreja, 26,1.
In ECCLESIA, s/n), por isso, segundo Cipriano de Cartago, a vivência apostólica
destes, remonta à dos cristãos primitivos que nada tinham para si e partilhavam com
alegria (MT 6,19), e isso torna robusta o seu estilo de vida.
5. Assim sendo, é nítida a grande expansão do ideal de vida, a busca impreterível de
Deus comovendo de variadas formas seus praticantes ao decorrer histórico, tendo em
vista as diversas formas de vida, desde a vida eremita, cenobítica, o Monacato
Palestinense, Sírio, Recluso, Idiota, Destelhado, Dendrita, Estacionário, Pastadores,
Basiliano, chegando ao Monacato Ocidental, com a virada constantiniana, passando
para o Monacato Episcopal, tendo aqui os seus grandes pais Santo Ambrósio de
Milão e Santo Agostinho, o Monacato anglo-saxão, que evoca a figura de Hidelgarda
de Whitby, passando pelo Monacato Beneditino, o Monacato Franco-Germânico,
interpelados pelo movimento de Cluny, que se choca com o alvorecer de novas
formas de vida religiosa na Idade Media, como os Cônegos Regulares, os
Premonstratenses, os Camaldulenses, os Cartuxos, os Cistercienses, as Ordens
hospitalares, as Ordens Militares, as Ordens para a redenção dos escravos, os
Mercedários e as Ordens Medicantes, que falaremos; o que aqui nos abre um enorme
leque de possibilidades interpretativas, por meio de uma diversificação carismática,
que se desenvolve conforme a cronologia, tempos se vão e vem, com a vida religiosa
presente, vai se distinguindo em diferentes meios, com alvo sempre do amor a Deus.
6. Nesta busca essencial é aberto um grande caminho para o enriquecimento
religioso, vários meios de santificação nascem, por meio de tais modos de vida ao
serem adotados, e colocados essencialmente em prática, muitos santos deixaram
seus modos de vida marcados, como alcançaram ao Pai. Sendo assim foram se
instituindo maneiras distintas de vida consagrada, essencialmente em quatro
âmbitos, como explicaremos.
7. A princípio as ordens monásticas foram tecnicamente as primeiras instituições de
vida consagrada erigidas canonicamente na Santa igreja. Personificam-se nestas a
forma de vida eremita ou semi-eremita, tratam com correta rigidez o momento de
reclusão e oração de seus adeptos, os quais denominamos Monges, estes vivem
agrupados em delimitações as quais chamamos de mosteiros. Seus primeiros
idealizadores foram São Basílio Magno e São Pacômio, por meio de regras de vida
apresentadas por eles, os pais do monacato oriental. Mais tarde, essas regras tiveram
como exímia sucessão, uma nova face, elaborada por São Bento, que se expandiu
pelo mundo inteiro, principalmente na Europa, com ápice na Idade Média, e é a
maior ordem monacal até a atualidade. As ordens monásticas tem suas variações,
principalmente quanto a rigidez e rotina de seus monges, por exemplo os
supracitados beneditinos, vivem em constante oração e trabalho, mas tem seus
momentos recreativos, e contatos mais frequentes fora dos muros de seus mosteiros;
já em contrapartida podemos também observar os Monges da Ordem de São Bruno,
os Cartuxos, que dificilmente possuem quaisquer contatos com pessoas exteriores,
uma clausura mais rígida. Outra peculiaridade decorrida do lema de tais ordens, é a
valorização do trabalho manual exercido por tais, onde usufruem como pequena
fonte de renda; a produção de produtos artesanais.
8. Em segundo ponto, o movimento mendicante que inicia-se na baixa idade
medieval, e em termos de mudança, esse é o momento que mais apresenta
relevância, e nos dá uma melhor compreensão sobre a realidade consagrada de modo
missionário. É impossível falarmos do movimento mendicante sem citarmos dois
nomes, seus principais expoentes: São Francisco de Assis e São Domingos de
Gusmão, respectivos fundadores das ordens Franciscana (Ordem dos Frades
Menores, OFM) e Dominicana (Ordem dos Pregadores, OP). As ordens mendicantes,
tem suma importância no processo de evangelização da Santa Igreja, elas nos trazem
um novo olhar sobre a vida consagrada, onde a evangelização é direcionada ao centro
da vivência de tais, entende-se aqui a necessidade de evangelizar, ir ao encontro do
povo de Deus, a pregação imposta a seu primórdio, levar o santo evangelho aos que
ainda não se encontraram em Cristo, levá-lo às pessoas com sua própria vida, de tal
forma que o Santo de Assis escreverá aos seus frades mandando-lhes tomar cuidado,
porque talvez a vida deles “seja o único evangelho que as pessoas poder ler”
(FRANCISCO, Carta a toda Ordem). Ser anunciador do Senhor, e promotor da
caridade é o que tais carismas nos propõe, ser verdadeiramente "sal da terra e luz do
mundo" (Mt 5, 13-14) essa forma de vida consagrada é uma vida junto ao povo, como
descrito na biografia do Pobre de Assis, no qual o mesmo a vivência, junto com seus
primeiros confrades. São Domingos da mesma maneira: “Era preciso retornar para a
vivência do Evangelho, ao modo de viver e de evangelizar dos Apóstolos: “renovar a
vida e a missão dos apóstolos'' (Constituições Gerais da Ordem dos Pregadores). Em
tais ordens mendicantes também é dada ênfase novamente aos já presentes votos
consagrados, bem como a enfatização da pobreza, como sugerido no nome que
carregam.
Nessas ordens, fora mantida a tradicional vivência em comunidade, geralmente a
moradia coletiva com os demais membros da ordem, há uma grande pluralidade de
pessoas inseridas, tanto no estado laical, como quando com funções inseridas em
graus do sacramento da Ordem, todos são consagrados ao mesmo princípio. O
quesito de ser missionário, também nasce no coração destes religiosos (as). Estes são
exemplares peregrinos, sempre que chamados a uma missão, a essa devem abraçar;
assim sendo são grandes cooperadores do clero como um todo, onde por algumas
vezes em determinados territórios eclesiais diocesanos, ocorre a falta de pastores,
como decorrência da escassez vocacional, os consagrados, mendicantes ou não, são
enviados para cooperação evangelizadora. Em questão de suas abrangências e
expansões, tais ordens continuam sendo as mais difundidas mundialmente. Além
dos já citados Franciscanos, Dominicanos, aproveitamos para citar também os
Carmelitas, Salesianos, Camilianos, Passionistas, Redentoristas, Lassalistas,
Maristas, Missionários Operários, Verbitas, Dehonianos, Xaverianos, Combonianos,
Paulinos, Irmãozinhos de Jesus.
9. A terceira forma que aqui apresentamos, são os regrantes, basicamente podemos
classificá- los como presbíteros seculares que vivem em observância a uma regra
religiosa, isto é consagrada e específica.. Nestas ordens seus membros são
exclusivamente presbíteros, que por maioria das vezes também ocupam ainda uma
designação em um cabido diocesano onde aplica seu modo de consagração - estes
chamados de Cônegos Religiosos. Tais ordens colaboram de forma direta ao clero
secular, suas formações são majoritariamente eclesiásticas, e ligados a funções de
direito canônico. O maior exemplo destes são, os Cônegos de Santo Agostinho, que
seguem sua regra “Santictatem et clericatum”. Vivem em comunidades religiosas, e
fazem os votos de pobreza, castidade e obediência, e com adição de novos votos de
propriedade e estabilidade comuns, mas de forma simultânea, plenamente conciliam
na própria ordem as questões seculares. Outro exemplos de ordens nestas
circunstâncias são os Cônegos Crúzios, membros da Ordem da Santa Cruz. Contudo
embora o foco aqui seja realmente a vida secular, muitos homens e mulheres no
estado laical, optaram por conceder auxílios a essa forma de consagração, nascendo
assim algumas ramificações de canonistas e canonisas. E por fim, os regulares.
Vivem em prol de determinadas circunstâncias sociais-religiosas da Santa Igreja,
bem como a catequização, administração sacramental, em geral são grandes
proferidores da educação pastoral, e procuram também viver comunitariamente,
seus membros costumam também majoritariamente clérigos. O exemplo mais
comum destes são os Jesuítas, extremamente reconhecidos pelo trabalho missionário
junto da educação, surgindo estes por volta da época das grandes navegações, onde
se vê necessário a expansão do catecismo da Mãe Igreja. Também se encaixam aqui
as conhecidas como Fraternidades, ou seja sociedades de vida apostólicas, as quais
também abraçam a fraternidade, mas não fazem votos religiosos.
10. Assim conseguimos observar como se transcorreu a vida consagrada em nossa
igreja, e podemos claramente enxergar que a fraternidade sempre esteve presente, de
diferentes maneiras, sem perder sua essência que deve nos conduzir no Caminho de
Cristo.
CAPÍTULO II
EXPRESSÕES DE VIDA RELIGIOSA NO HABBO
E
OS DESAFIOS PARA A VIDA ECLESIAL
11. “A vida consagrada, profundamente arraigada nos exemplos e ensinamentos de
Cristo Senhor, é um dom de Deus Pai à sua igreja, por meio do Espírito“. (São João
Paulo II)
12. É importante destacar a beleza da vida religiosa, contida por trás de toda a
entrega, toda a devoção, todo o mistério que é a Igreja, a religiosidade, a beleza da
entrega pode ser vista pelos diversos cristãos espalhados pelo mundo, em missão,
levando a boa nova de Cristo, levando as pessoas um pouco de calmaria em meio a
diversas tragédias, guerras, conflitos sangrentos que marcam os dias atuais.
13. Nos tempos atuais, ser religioso é ter uma fé viva. Ser cristão, no âmago dessa
expressão, não tem sido uma missão fácil. Mesmo sendo um estilo de vida comum
entre os homens, há muita perseguição, e por conseguinte, muitos sofrem
perseguições, muitos perdem sua liberdade, sua vida, suas famílias. Tudo isso, em
prol do ideal de seguir ao Cristo (n. 4)
14. Com a modernização, o avanço da tecnologia do homem, surgiram novas
maneiras de se evangelizar, de levar o evangelho a todos de forma simultânea, e claro
que a Igreja também tem que se modernizar com o tempo, não pode se prender
apenas na maneira antiga de se pregar, evangelizar, catequizar o povo, é preciso se
evoluir, buscar maneiras novas e práticas de se ensinar o que Cristo ensinou a seus
discípulos.
15. A Igreja habbiana surge em meados de 2006, e é uma grande fonte de
evangelização. não acontece todos os dias de você abrir um navegador na internet,
abrir um jogo e ver pessoas falando de Deus, pregando seu evangelho, ensinando e
buscando viver como Cristo viveu.
16. Um religioso que vive realmente a sua consagração, quando encontra essa
realidade virtual de vida religiosa, se apaixona, porque não existe nada mais belo que
falar de Cristo a todo tempo, seja nas redes sociais, seja no seu grupo de amigos, seja
em um jogo de internet, ele irá se alegrar por estar fazendo o que pediu nosso Senhor
Jesus Cristo (Mt 16,15-20)
17. Como seria bom se todas as pessoas tivessem tempo suficiente para dedicar-se
integralmente às atividades pastorais e às atividades civis, mas (in)felizmente é
preciso fazer escolhas, o que implica abdicar de alguns compromissos em função de
outros. Por isso a uns Deus chama para o ministério ordenado, a outros para a vida
matrimonial, e felizmente, a alguns para a vida consagrada (In: 1Cor 12,28. Ef 4,11).
O que seria da Igreja sem a vida doada e gasta de cada consagrado?
18. Na igreja habbiana, cada um se entrega, se doa, para evangelizar de um jeito
diferente, fora do comum, através de um simples jogo de internet, levar Cristo,
ministrando seus ensinamentos, fazendo surgir novos cristãos, e também
despertando novos chamados, como é bonita a entrega ao pai.
19. Por isso, ao refletirmos sobre essas problemáticas e manifestarmos esse desabafo,
ecoamos à Assembleia Sinodal que a vida da Igreja é a suma expressão da vida
religiosa. Essa vida eclesial está materializada na vida religiosa, seja ela de
consagração oficial aos conselhos evangélicos ou de promessa pública.
CAPÍTULO III
A RELAÇÃO ENTRE A VIDA RELIGIOSA
E
O CLERO DIOCESANO
20. No habbo já fora erigida diversas ordens religiosas pelas quais sempre
impactaram tanto de forma negativa tanto de forma positiva no clero, dentre elas
algumas que já foram fechadas como a Ordem Terceira do Carmo, Ordem dos Servos
da Santa Cruz e diversas outras ordens as quais deixaram marcado o seu legado no
clero.
21. Em nossa realidade habbiana o clero secular e o clero religioso sempre
completaram um ao outro, pois na maioria dos casos os irmãos religiosos fazem
parte de um instituto secular. Podemos citar como exemplo a ordem dominicana que
traz em seu livro de constituições a seguinte regra: “A Família Dominicana
compõe-se de frades clérigos e cooperadores, monjas, irmãs, membros de institutos
seculares e de fraternidades de presbíteros e leigos. Porém, as Constituições e
Ordenações que seguem destinam-se apenas aos irmãos, a não ser que
expressamente se diga outra coisa. Com estas leis se provê à necessária unidade da
Ordem, sem excluir, no entanto, a necessária diversidade nelas prevista” (Livro das
Constituições e Ordenações da Ordem dos Pregadores Capitulo VII § IV.).
22. Dentre os demais carismas apresentados todos seguem o que se fala no Concilio
Ecumenico Vaticano II “Na verdade, a vida consagrada está colocada mesmo no
coração da Igreja , como elemento decisivo para a sua missão, visto que « exprime a
íntima natureza da vocação cristã” (Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre a actividade
missionária da Igreja Ad gentes, 18.) o qual isto torna em comum com o clero
secular, a vocação cristã missionária.
23. Mas ordinariamente vemos que ambas as formas de vida, tanto a de vida secular
quanto a de vida religioso encontram-se no mesmo problema, a falta de vocações que
ordinariamente se dá pelo motivo de sermos geralmente padres, bispos, religiosos e
religiosas com o cheiro de sacristia e não com o cheiro de ovelhas que é do que a
igreja precisa.
24. Indiferentemente de serem religiosos ou do clero secular todos os cristãos, de
forma especial os que escolheram se dedicar ao Reino, devem se espelhar na virgem
Maria, a primeira que carregou o Cristo consigo, exemplo de discípula servidora,
consagrada integralmente ao Senhor.
CAPÍTULO IV
A FORMAÇÃO RELIGIOSA NA VIDA DA IGREJA
25. Após fundamentarmos este documento - ad experimentum -, explanando o
surgimento da vida religiosa nos primórdios do cristianismo, tais como os seus
impactos subsequentes e, por fim a nossa relação eclesial contemporânea,
desvelaremos os grandes conflitos que urgem acerca da formação religiosa na vida da
Igreja, sobretudo no Habbo Hotel.
26. Antes, portanto, de aprofundarmos na experiência habbiana, é mister
entendermos o funcionamento dessa formação na realidade extra-habbiana.
27. Na realidade, a Vida Religiosa Consagrada surge, como analisamos no segundo
tópico deste, à necessidade do tempo. Em nosso tempo, no advento da
pós-modernidade, os (as) religiosos (as) são formados para responderem aos
problemas do hodierno, tais como; entender do sentido da vida humana e suas
correspondências; explicar o fides quae da existência eclesiológica, tendo por si uma
teologia soteriológica; explicar a fides qua de todas as realidades sociais pertinentes;
ser o co-fundamento inabalável da caridade, centrado nos conselhos evangélicos; ser
via, mesmo apesar das fraquezas - inerentes à vida humana -, ao Cristo Ressuscitado.
28. No habbo, a Vida Religiosa Consagrada surge, portanto, de uma necessidade
inerente à vivência virtual: a pacatez da vida diocesana. Os religiosos entretanto,
estão - em sua maioria - presentes no clero diocesano, incardinados à circunscrições
eclesiásticas, contudo, seja por seu agir, por seu hábito - vestimenta ou padrão de
comportamento social -, ou por sua efervescência evangelizadora, diferem da vida
secular.
29. Portanto, tendo em vista caminhos distintos, mesmo que originados do mesmo
dom do Senhor Ressuscitado, é singular o debate sobre a formação religiosa. Ao
convocar esta Assembleia Sinodal Jubilar, o Papa Clemente salienta o ardente desejo
do Senhor, que sempre nos acompanhou desde o início da missão da Igreja Habbiana
(CLEMENTE II, Iubilate Deo, p. 3b). Sendo a vida religiosa, a presença carismática
de Deus no seio da Igreja, entendemos, dessa maneira, a singularidade da sua
missão, pois, “o próprio Deus inspira o nosso coração para que possamos honrá-lo
por esse meio virtual” (idem).
30. Deste modo, vendo o tempo oportuno (CLEMENTE II, Iubilate Deo, p. 5c),
propomos alguns caminhos a serem traçados nesta Assembleia Sinodal, mas que não
podem se limitar a esta, tendo em vista a falta de precedentes em nossa história
habbiana e a necessidade, tal atual, de se discutir sobre o âmbito formativo dos
religiosos e religiosas.
É imprescindível, ainda, salientarmos que a constituição de um projeto formativo
não pode prescindir da sabedoria acumulada em cada apostila que já foi disposta
pelos dicastérios romanos, destinados à formação clerical. Precisamos, portanto,
entender a grandiosidade de cada via carismática do Evangelho, em sua tradição
formativa, riqueza que foi construída e que é amplamente eficaz. É importantíssimo
que esta tradição formativa de cada comunidade religiosa seja respeitada, conservada
e aprimorada.
31. Por isso, a fim de que esta tradição formativa seja perpetuada e respeitada, esta
comissão - ad hoc - propõe que seja criado um documento fundante, denominado
Ratio Fundamentalis Institutionis, que contemple os quatro aspectos formativos: a
pessoa, o discípulo, o pastor e o missionário. Sendo, portanto, elencados os objetivos
e metas da formação. Este documento pode, em sua maior parte, ser pautado nas já
apostilas formativas existentes nas diversas expressões de vida religiosa
contemporâneas.
32. A Ratio Fundamentalis Institutionis deve traçar, como já dito, objetivos e metas
para o que tratamos no número 27 deste documento.
CAPÍTULO V
RATIO FUNDAMENTALIS INSTITUTIONIS E A VIA DO PROJETO
FORMATIVO RELIGIOSO PÓS-SINODAL
33. A sociedade é marco iniludível da conversão real do humano (Dicionário de
conceitos fundamentais do Cristianismo, a sociedade). Desta forma, é também lugar
propício para uma plena realização do plano Misterioso de Deus (Jo 22,2) nos
revelado por Jesus, o Cristo Nazareno.
Este plano Misterioso do Criador dirige-nos ao caminho (Gn 24,40) dos pobres e
pequenos (Is 16,14), tão necessitados do olhar caridoso.
34. Desta forma, contemplando a dimensão humana do (a) religioso (a) e/ou da
comunidade religiosa, o RFI (Ratio Fundamentalis Institutionis) deve esboçar qual o
caminho e as formas que esta família religiosa tem para que os (as) membros (as)
sejam mudados em outro homem (mulher) (1Sm 10,6), assemelhados à imagem do
Cristo Ressuscitado.
35. É de conhecimento universal que da gênese à estrutura do credo, o batismo
obtém de uma influência privilegiada, sobretudo na constituição dos primeiros
Símbolos da fé, tendo em vista o grande tesouro da sabedoria de YHWH (Cl 2,2-3), o
Pai-nosso (Mt 6,9-13),
36. A Vida Religiosa Consagrada, como vivência radical do batismo, deve exalar esse
chamado pessoal (Gn 4,17) à vida comunitária, em busca da perfeição (Mt 5,43-48).
Portanto, o RFI deve contemplar a dimensão discipular do (a) religioso (a) e/ou da
comunidade religiosa, a fim de explicar, detalhadamente a espiritualidade dessa
agremiação religiosa, explanando, portanto, uma resposta à pergunta solicita feita
pelo Senhor (Lc 7,4).
37. Conectado com Deus, Jesus permanece na condição divina (Fl 2,6), marcada,
portanto, pela alteridade, o fato de ser Deus, não se lhe implica a solidão que,
hermeneuticamente, pode nos acometer. É permanecendo obediente ao Pai (Jo
15,10) que Jesus manifesta-se e configura-se o Bom Pastor (Jo 10,11), capaz de
revelar-nos sua essência, a fides quae de sua mensagem boníssima.
38. O conhecimento do Senhor e a sua permanência (Jo 15,4) na sociedade são
simultâneos e só compreendidos com uma interpretação Emunah, incrustada na
fides qua humana. Portanto, para contemplar a dimensão pastoral do (a) religioso
(a) e/ou da comunidade religiosa, deslance de traçar metas e objetivos, o RFI deve
elaborar, de forma coesa, mas profunda,a vivência do carisma comunitário em meio
à sociedade, respondendo diligentemente (Lc 7,4) ao chamado único do Senhor (Gn
4,17) que nos conhece desde o ventre materno (Jr 1,5).
39. A eclesiologia se atualizou no decorrer dos séculos. Saiu da pirâmide eclesial e
começou a valorizar a base popular-laical. A expressão "Igreja: povo de Deus",
exprime esse avanço na visão eclesiológica. No Habbo não é diferente. Há um
movimento, emergido das experiências religiosas, iniciado por diversos bispos,
dentre eles, valemo-nos de ressaltar dois. Iniciado por Urbano III, ampliado por João
Paulo VII, visa incluir essa nova perspectiva comunitária na vida da Igreja. É nítido o
retorno aos primórdios da nossa expressão de fé, quando partilhávamos de tudo,
com todos, repletos de alegria (At 2,37).
40. Desta via, nasce a dimensão missionária da Vida Religiosa Consagrada,
tornando-a repleta de tão grande júbilo (Sl 125,2), que não se consiga conter a
Boa-Nova do Reino. Nesse ínterim, as comunidades religiosas devem elaborar um
percurso dinâmico e espiritual do seu centro carismático-missionário, espelhando-se
nas palavras do Santo Evangelho, sobretudo no ciclo missionário do Ressuscitado, e,
se oportuno, na biografia do seu fundador ou impulsionador.