INTRODUÇÃO
UM SÓ
CORPO
Considerando a realidade qual
observa-se no âmbito formativo, esta comissão, ansiando proveitosos frutos
advindos do encontro sinodal, propõe métodos de ensino para além das concepções
e recursos hora utilizados. Contudo, é válido ressaltar que, o proposto carece
de reflexões e disposição para repensar inúmeras realidades ordinárias, como os
processos de ensino e o relacionamento entre docente-discentes.
Todavia, ante tais propostas
inéditas não há intuito dar tons revolucionários ao tema em discussão, de outro
modo, promover a unidade, a diversidade e a missão dos membros do Corpo Místico
de Cristo, a Igreja.
Pois,
como em um só corpo temos muitos membros e cada um dos nossos membros tem
diferente função, assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em
Cristo, e cada um de nós é membro um do outro. (Romanos 12, 4-5).
Sendo membros deste corpo,
devemos fazer de nossa vida, em todos os seus aspectos, uma vida cristã por
excelência; estar a serviço Dele e com Ele, viver no Cristo. Considere que
muitas mazelas que comprometem a ação evangelizadora, em especial no que tange
a Educação Católica, alvo desta discussão, partem de desleixos ao longo da
caminhada, destaque as ações que acabam por tornar absoluta a pessoa o
indivíduo, corrompendo a tão bem quista noção do todo.
Tendo em consideração o que
fora supracitado e partindo ao mote de fato, evidência justa e devida vênia a
um dos grandes objetos de trabalho desta comissão, os docentes. Aqueles que
contam com especial predileção de Nosso Senhor, chamados por Deus e eleitos
Ele; por iniciativa de seu amor, cumulados de dons e graças. Aqueles que, nesta
nova proposta, hão de ser os grandes mentores do aprendizado e não
dispensadores de conteúdo. De modo igual, destaque prósperos discentes,
potenciais protagonistas de seu aprendizado, contrapondo a noção de, tão
somente, receptadores de informação.
Com isso, acabamos
inevitavelmente nos defrontando com noções de colegialidade que culminam em um
ponto comum entre a psicopedagogia e os princípios mais longínquos da
cristandade, aquilo que foi aludido acima como Corpo Místico de Cristo, corpo
esse que conta com inúmeras funções distintas e diversos membros, todavia, há
unidade no seu sentindo, em sua missão!
As
próprias diferenças que o Senhor quis que existissem entre os membros do seu
Corpo servem a sua unidade e missão. Porque “há na Igreja diversidade de
ministérios, mas unidade de missão. Cristo confiou aos Apóstolos e aos seus
sucessores o encargo de ensinar, santificar e governar em seu nome e pelo seu
poder. Mas os leigos, feitos participantes do múnus sacerdotal, profético e
real de Cristo, assumem na Igreja e no mundo a parte que lhes toca naquilo que
é a missão de todo o povo de Deus”. Por fim, “de ambos estes grupos [hierarquia
e leigos] existem fiéis que, pela profissão dos conselhos evangélicos [...], se
consagram a Deus de modo peculiar, e contribuem para a missão salvífica da
Igreja”. (CIC 873).
Na certeza de que, unidos a
este corpo, cada qual no exercício de sua atribuição, contudo, todos com a
mesma finalidade, somos cooperadores na construção de um momento novo, ansiamos
por um ambiente de formação o qual aqueles que estão inseridos posso encontrar
a plena realização de suas pretensões, particularmente o formando, porvindouro
deste apostolado virtual.
Auxiliar da Comissão
I.
AS
METODOLOGIAS ATIVAS
As
metodologias ativas, originárias das salas de aula, surgiram para que o modelo
tradicional de ensino seja repensado com o intuito de inovar o conceito de
relação entre professor e aluno. São novas formas de abordar o
ensino-aprendizagem com o aluno como principal agente de construção do
conhecimento.
O atual
sistema de ensino, ainda muito focado na recepção passiva dos conteúdos,
apresenta estigmas em sua metodologia que preza pela recordação imediata de
conteúdo, mas, não pela compreensão e absorção destes. Esse estigma é
consequência da modelo desfocado no desenvolvimento das habilidades e
competências, mantendo o aprendiz sempre dependente de seu mestre, retirando a
autonomia do aprendizado.
O surgimento
das Metodologias Ativas visa a mudança da perspectiva do ensino tradicional –
centrado na figura do professor -, para a perspectiva do aprender – centrado no
aluno-. Tornando
o professor como um grande mentor do aprendizado ao invés de ser o único
detentor do conhecimento. Portanto, as metodologias ativas surgem como
uma alternativa para proporcionar aos estudantes meios para que eles consigam
guiar o seu desenvolvimento educacional, fugindo do modelo de ensino em que o
professor detinha todo o conhecimento dentro da sala de aula.
As metodologias ativas vêm
sendo pensadas e trabalhadas já há algum tempo e um de seus grandes precursores
foi William Glasser e sua pirâmide de aprendizagem. A pirâmide de
aprendizagem foi desenvolvida pelo psiquiatra e estudante de saúde mental, educação
e comportamento humano William Glasser. Este psiquiatra norte-americano
pesquisou durante anos e trouxe à educação uma nova maneira de se aprender, uma
maneira alternativa e ativa, por meio da pirâmide de aprendizagem. De acordo
com seus estudos, William Glasser chegou à conclusão que se os estudantes
fossem expostos a metodologias ativas, eles se desenvolveriam e aprenderiam
melhor, e a partir disso desenvolveu um gráfico em forma de pirâmide de
conhecimento.
No topo da pirâmide: há a leitura, representando 10% da aprendizagem; apenas ouvindo o conteúdo aprendemos: 20%; assistindo a um vídeo aula: 30% escutando e vendo ao mesmo tempo: 50%; discutindo sobre determinado tema: 70; quando se pratica exercícios de fixação: 80%; finalmente, na base da pirâmide: ao ensinar determinado conteúdo a alguém: 95%
Com base
nestes dados coletados por Glasser, pode-se notar que o método tradicional de
absorção do conteúdo não é a melhor maneira de se aprender, mas, ao contrário,
quando se assume um lugar ativo em seu próprio processo de conhecimento, a
aprendizagem é muito mais efetiva.
Um estudo
conduzido pelo professor da Universidade de Washington, Scott Freeman, comparou
as taxas de reprovação e a performance em provas e testes padronizados de
estudantes submetidos às metodologias ativas e às aulas expositivas
tradicionais. Em média, a performance do primeiro grupo
foi 6% superior. Já
a taxa de reprovação dos estudantes de aulas expositivas foi 1,5% maior.
No Brasil,
um estudo coordenado pelo diretor da +A Educação, Gustavo Hoffmann, através da
Universidade Harvard, mostrou que alunos submetidos às metodologias ativas
aprenderam em média 9% mais do que aqueles submetidos à exposição de conteúdo.
Neste estudo, a metodologia usada foi a sala de aula invertida. Cabe lembrar a
desvantagem da aula expositiva: duas semanas após uma aula tradicional, os
alunos tendem a lembrar menos de 30% do que foi exposto pelo professor. Aí
reside o grande trunfo das metodologias ativas: ao engajar o aluno com os
objetos de estudo, há uma maior fixação do conhecimento.
II.
A
APLICAÇÃO DAS METODOLOGIAS ATIVAS
A aplicação
inicial das metodologias ativas é necessário que se mantenha um diálogo com as
diferentes iniciativas, desde a formação básica e os seus professores até o
governo pastoral das igrejas e órgãos eclesiásticos.
Uma das
primeiras práticas que deve ser adotada é a capacitação dos reitores e
formadores para trabalhar com metodologias ativas, pois exige novos processos
de ensino e de relacionamento.
A capitação
pode ocorrer através de oficinas de treinamento de aplicação para os docentes a
partir de referências na área ou de estudos específicos, como os de Glasser. A
capacitação é um ponto muito importante, por isso aqui incluímos a necessidade
de uma formação de docentes na estrutura básica dos seminários.
A partir da
capacitação dos docentes o cenário da sala de aula também deverá mudar. Outra
prática indispensável é dar abertura aos alunos para sinalizar interesses
pessoais e necessidades específicas. É importante que eles se sintam parte
da implementação das metodologias ativas. Para isso, a realização de práticas e
trabalhos que insiram o aluno no seu processo formativo, além dos testes já
previstos nas edições anteriores, propõe-se que o aprendizado se dê de maneira
mais delongada e participativa. As inserções de atividades participativas
poderão acontecer ao longo das etapas formativas, como o período do acolitato,
leitorado e as demais ordens menores.
Na aplicação
das metodologias ativas seja considerada a necessidade da compreensão do aluno
como peça fundamental, porém, não se descarta a necessidade do tutor que deverá
acompanha-lo, formá-lo e orientá-lo a partir das metodologias, visando tanto engajá-los
quanto para terem autonomia de opinar se estão aprendendo ou produzindo de
forma adequada.
O uso das metodologias ativas vai demandar do professor uma mudança de modelo mental sobre o papel dele na sala de aula. Ele passa a ser um mediador na construção do conhecimento para os alunos terem autonomia e espaço para planejar seu próprio aprendizado. Além disso, importante ter em mente que o objetivo do uso de metodologias ativas não é substituir os professores e sim auxiliá-los na construção do ensino, visto que alguns são resistentes ao uso dessa inovação
CONCLUSÃO
Em suma, podemos afirmar que
adotar novas práticas de ensino e inovar no ambiente educacional podem
colaborar grandiosamente para a revitalização da formação clerical, em nível
básico e continuada. Os estudos apontados por renomados psicopedagogos concluem
que as metodologias ativas são o meio mais eficiente para a substituição do
ensino tradicional, que ainda hoje permeia os seminários e universidades
católicas da igreja habbiana.
Destarte, as mudanças
propostas nas metodologias ativas se expandem desde a capacitação dos
formadores, da expansão dos meios de aplicação de ensino e do papel do tutor e
do aluno durante a formação, essas mudanças atingem a relação com o outro na
formação, na vivência fraterna, nas atividades pastorais e sobretudo nos
compartilhamentos dos “fazeres e saberes” cotidianos.
As dificuldades que a aplicação
das metodologias ativas encontra está envolta, principalmente, pela dureza na
compreensão dos papéis que deverão ser redefinidos e instruídos para a
aplicação de novas maneiras de ensinar.
PRESIDENTE DA COMISSÃO
Bacharel em Psicologia pela PUC Pará
†Arthur Nicolli
Auxiliar da Comissão
†Vinicius Collin
Auxiliar da Comissão
Arlindo Holando
Secretário