Documento Sinodal - Comissão para Formação Presbiteral

 

Documento Sinodal 

FORMAÇÃO: PILAR DE EDIFICAÇÃO 

Comissão para Formação Presbiteral 


Introdução 


1. A Constituição Conciliar Sacerdos in Aeternum encaminha-nos enquanto sacerdotes como “principal difusor da missão eclesiástica que exercemos por este meio virtual.” Assim, sabendo de nosso dever como ministros ordenados, faz-se necessária uma formação capaz de preparar ministros competentes à nosso meio virtual. Uma formação que seja prática, com meios efetivos de aprendizagem, e também atenda à afetividade, o que nos diferencia de uma instituição carreirista. 

2. Portanto, a Comissão reunida buscou compreender, através da análise da atual formação, as necessidades e aperfeiçoamentos na estrutura de uma formação ideal. Entende-se que o processo formativo de um sacerdote é orgânico e deve perpassar etapas práticas e interativas, ultrapassando uma exposição de script, onde se reproduza a cópia de conteúdo. A vida do clérigo é de doação, logo sua construção deve ser cativante e ativa, a fim de promover o encanto pela missão. 

3. Porém, ao avaliar a formação atual, encontra-se um processo robótico e industrial, tratando o candidato como um arquivo vazio onde será depositado um saber, transcrita uma apostila, e produzirá um sacerdote. O atual método afasta-se de todo ideal humano e intelectual necessário a um presbítero. Essa problemática se dá pela atual interpretação da apostila como fundamento e meio único de formação, impondo a ela uma responsabilidade que não é capaz de atender. 

4. Consequentemente, assim como uma casa edificada sobre a areia, a primeira tempestade é capaz de desmoroná-la. As tempestades são recorrentes em nossa vivência, a começar pela formação, que igualando a uma fábrica, gera desânimo e desistência das vocações. Por isto, é mister proporcionar medidas e novos caminhos de estruturação da formação presbiteral, atendendo as necessidades iniciais e continuadas. 


Uma Nova Formação 

5. A formação virtual e escrita é desgastante tanto para o formando, quanto formador. Assim, a busca por uma nova formação perpassa a compreensão da necessidade de dois momentos: formação inicial e formação continuada. Essa primeira referente ao que aplicamos nos seminários e será responsável por introduzir o candidato a uma realidade eclesial e virtual. 

6. A priori, reconhecendo a importância de uma formação objetiva e com clareza de exposição, entende-se a prioridade da formação inicial, dos seminaristas, com foco no que compreende a prática virtual. Isto é, a lapidação da apostila ao mínimo e indispensável da esfera habbiana, sem a prolixa de longos discursos envolvendo aspectos das realidades não aplicáveis ao virtual, o que torna a compreensão do educando exaustiva ou confusa. 

7. Esta reciclagem de conteúdo deve ser visada por uma formação direta, prática e didática, na perspectiva de diminuição de horas perdidas com roteiros colados e o aumento de tempo hábil para a convivência e prática pastoral ativa nos eventos. Pensando nisso, surge a proposta do retorno da instituição do acolitado nos primeiros momentos da formação inicial, proporcionando ao seminarista uma expectativa e experiência da participação da missão clerical, próxima aos celebrantes. 

8. Ademais, muito foi discutido a respeito da vivência pastoral, valorizando essa construção sacerdotal não pela rapidez e quantidade, mas pela qualidade e adesão do candidato à missão. Propõe-se, pois, a determinação de um tempo mínimo de formação antes das ordenações. Esse tempo não deve ser para desleixo, mas para atrair e convidar o indivíduo à participação e exercício das atividades de cada momento. O tempo mínimo também está atrelado ao descanso do formando e formador, abrindo brechas de descanso para o formador que atende a muitas demandas e evitando a exaustão do formando com formações extensas e intensivas. 

9. Como se dá esta limitação no processo formativo: não seja aplicada, a não ser por motivos particulares do candidato, mais de duas aulas consecutivas. A formação diaconal só se inicie após três dias do início da formação geral e a formação presbiteral após sete dias. Essa medida busca evitar a exaustão de aplicação de aulas consecutivas e a coerência da proximidade da aula com a ordenação correspondente, aliviando a compreensão a assimilação entre conteúdo e prática. 

10. A limitação no processo de ordenação: A instituição do acolitado seja feita após a aula única sobre funções do acólito (quarta aula na proposta de restruturação da apostila). O candidato ao diaconato seja ordenado apenas após o sétimo dia após início da formação geral. O candidato ao presbiterato seja ordenado apenas após o décimo quarto dia do início da formação geral e após cinco dias da ordenação diaconal. 

11. A apostila, portanto, não deve ser o fundamento do seminarista, mas o meio pelo qual receberá o conteúdo e terá seu fundamento formativo na experiência ativa do exercício. Essa apostila, contribuindo para a perspectiva dinâmica e objetiva, deve passar por uma reforma e reestruturação que atenda as necessidades, ou seja, direcionada ao que se diz prático e essencial na atuação ministerial. Esperasse também um fácil manuseio, com tópicos claros e apresentação das etapas do rito com a presença das ações para fácil consulta dos formandos e formadores, segundo sua função. 

12. A nova estrutura para a reforma da apostila: 

Formação Inicial: Nesta primeira formação o Seminarista será introduzido ao Clero e suas práticas, aprenderá a participar da Missa, de modo leigo, primeiramente, e depois como acólito. 

Formação Litúrgica Inicial: 

Aula 1: acompanhando a Missa. 

O seminarista aprenderá a acompanhar e responder a Missa por meio de "folheto". 

• Seja produzido um folheto base para facilitar a aprendizagem da estrutura e etapas da missa, além da participação durante o rito.

Aula 2: Os leitores. 

O seminarista aprenderá a Fazer as Leituras e Salmo. 

Aula 3: Paramentos do Seminarista na Missa. 

Apresentação da Alva e sobrepeliz e as circunstâncias em que são usadas. 

Acolitado: O seminarista aprenderá a participar da Missa como acólito. 

Aula única: funções do acólito na Santa Missa. 

• Instituir a participação como acólito visa à interação, porém menos maçante que a formação de cerimoniários. As atividades propostas à aprendizagem nesta etapa são: Missal (na oração coleta e pós-comunhão), ofertório (cálice, galheta, lavabo), purificação (galheta d‟água e cálice). 

Formação Eclesiástica: 

Hierarquia dos membros da Igreja, suas funções e tratamento. 

Aula 1: Hierarquia Eclesiástica. 

Aqui o seminarista aprenderá a estrutura da organização da Igreja, as noções de submissão e respeito às autoridades e a postura que deve ter como clérigo. 

Aula 2: Pronomes, insígnias e benção. 

Como tratar os outros clérigos e superiores. 

Formação Litúrgica: 

Aula única: Tempos e Cores Litúrgicos. 

Noções simples da divisão do ano e calendário litúrgicos; Cores usadas em cada tempo e em cada ocasião; e, sobretudo, identificação da Cor da litúrgica do dia. 

Formação Diaconal: O seminarista aprenderá a servir na Missa como Diácono. Essas aulas poderão ser mais subdivididas segundo critério do formador. 

Aula 1: Paramentos diaconais. 

Aula 2: Funções do Diácono na Missa. 

Aula 2.1: Da entrada ao Evangelho. 

Aula 2.2: Do Ofertório aos Ritos finais. 

Aula 3: Celebração da Palavra (opcional para os transitórios) 

Formação Sacerdotal:

O seminarista aprenderá a celebrar uma Missa inteira usando o Missal Romano. No fim aprenderá ainda a atender confissões dos fiéis. 

Aula 1: Paramentos sacerdotais. 

Aula 2: Uso do Missal Romano e Orações próprias. 

 Aula 3: Funções do Sacerdote na Missa. 

Aula 3.1: Da entrada ao Ofertório. 

Aula 3.2: Do prefácio aos Ritos Finais. 

Aula 3.3: Concelebração. 

Aula 4: Introdução a Homilética.* 

Aula 5: Confissão. 


A Formação Continuada 

13. “Conhecereis a verdade e ela vos livrará.”(Jo 8, 32). Uma vez ordenados segundo a vossa vocação, diáconos permanente ou presbíteros, é necessário aprofundar-se nos ofícios e mistérios da Santa Igreja, “não basta fazer coisas boas, é preciso fazê-las bem" (Santo Agostinho). 

14. Nesta nova etapa compreenderão duas formas de formação continuada: a litúrgica (prática) e a doutrinal (intelectual). Já não são formações indispensáveis, mas complementares para o aperfeiçoamento da fé e do serviço. Logo, não devem ser impostas e nem aplicadas com urgência, mas na melhor organização e demanda. 

15. Eis, então, um novo desafio para a Educação Católica: preparar uma equipe de construção do conteúdo e, posteriormente, implantação desta aplicação. Ambas das formações, litúrgica e doutrinal, devem ser supervisionadas para seu desenvolvimento, mas atuarão em esferas diferentes. 

16. A Formação Litúrgica, aquela que se refere a extensão da prática habbiana, necessitará de uma apostila nos moldes da anterior: didática, direta e de fácil manuseio. Com a proposta de temas: Formação de Cerimoniário, Aprofundamento do Missal, Pontifical e Sacramentario, Sacramentos(ritos), homilética. Assim, sendo direcionada ao exercício dos ofícios e sacramentos da liturgia, esta formação permanente seja aplicada pelos seminários locais. 

17. A Formação Doutrinal, aquela que se refere à extensão intelectual da fé e da Igreja, necessitará de uma apostila com a qualidade didática para aprendizagem, porém diferente aos assuntos práticos, essa será constituída por conteúdo e material para aprofundamento, logo, precisará desenvolver textos específicos. Com a proposta de temas como: os Sacramentos, a Santa Missa, a Igreja e sua história, Mariologia, os Santos e a devoção, CDC. Como direcionamento de aprendizagem intelectual, seja aplicada pela universidade romana, quem deve ser organizada para a nova estrutura proposta, ou as demais universidades autorizadas. 


Conclusão 

18. Nossa Igreja habbiana está a 15 anos, entre tempestades, de pé e levando o evangelho a uma realidade virtual onde poucos dão valor. Isso só foi possível, pois temos pastores dedicados levando com ardor e amor a sua missão de difusor da boa nova. Assim, hoje nós somos os pastores responsáveis por garantir a perpetuação desta vocação digital. 

19. Portanto, esta Comissão, pensando como o homem prudente que constrói a casa sobre a rocha (Mt 7, 24), voltou seu olhar para a formação que temos, reconhecendo suas qualidades e suas deficiências. Através das experiências e do estudo das formações, a reforma do processo se viu inevitável. 

20. É uma reforma que valoriza o que temos, o que já foi no passado e também propõe novas formas para o futuro. Desse conjunto, afirmamos a necessidade de duas etapas: uma formação inicial e uma formação continuada. A primeira, voltada para os seminaristas, visa estruturas de um processo onde o todo (apostila, pastoral e convivência) seja valorizado na formação, uma formação participativa, objetiva, prática e auxiliada por uma apostila reestruturada. 

21. A segunda etapa, a formação continuada, é aquela para os ordenados, um processo que pretende aperfeiçoar a prática do ofício dos pastores e aprofundar o conhecimento doutrinal que necessitarão para edificar-se e evangelizar. 

22. Assim, não serão produzidos “soldados" ou Carreiristas, que visualizam na Igreja mais uma instituição, por causa de suas aulas robóticas, maçantes e de „scripts'. Mas serão construídos particularmente indivíduos para o serviço de pastoreio e convidados a conhecer o que pregam. Pois são pelos que amam aquilo que fazem, que o futuro a igreja frutificará, e não se ama sem o conhecer.